2010: o ano da contemplação
De uns tempos pra cá, comecei a sentir falta de parar. Acho que a velocidade com que vivemos nossos dias nos impede de deliciar pequenas coisas. Daí, percebi que nos falta tempo de contemplar. E quando digo isso, parto da observação simples das pessoas que nos cercam.
Quem ainda consegue achar tempo para ficar admirando uma paisagem, a natureza, o céu ou vento deve saber do que estou falando. Eu prefiro contemplar pessoas, com todo o respeito. Quando contemplamos, observamos com um ímpeto consciente de descobrir: algo no outro, no contemplado, ou em nós mesmos.
E foi contemplando as pessoas que descobri uma curiosidade. Não há quem não tenha algo a dizer, mesmo que não fale nada. E assim venho colecionando aprendizados interessantes. O maior deles é justamente a constatação de que aprenderemos até o fim de nossas vidas. E que vamos nos surpreender sempre ao descobrir que passamos um tempo enorme sem saber alguma coisa e depois vamos nos questionar rigorosamente por ter vivido até ali nesta pequena ignorância.
Por que digo isso?
Porque mesmo sem a permissão de vocês, ousei contemplá-los. Perdoem-me, isso passou a ser meu vício. E sabe o que eu descobri? Os sorrisos. Sim, descobri que a República está sorrindo mais. Querem contemplar comigo? Pensem no sorriso de cada republicano. Como todos têm algo a dizer. Por isso, eu lhes peço. Não se acanhem. Sorriam. Falar sorrindo é um grande exercício pra alma. Para a sua e a dos seus.
Não é porque o fim de ano está chegando que faço isso. Como já disse, estou com essa mania faz tempo. Não acho que precisamos trocar de calendário para contemplar. Mas nesta contagem regressiva pra 2011 não resisti a fazer esse convite a vocês e a partilhar o que consegui descobrir.
Em 2010, a República descobriu o Leandro, o Catraca, o Pedro, a Ana, a Thalita. E também, redescobriu a Larissa. Descobriu que tem um time de futebol. E que tem técnico! E o melhor, que tem torcida. Que tem uma tenista, no artigo feminino! Que tem um gerente de arte, que tem dupla sertaneja, que tem turma, que tem pique. Que tem bolão, e tem vencedor. E claro, confirmou que valeu a pena ter descoberto o Leo, o JP, a Monaliza, a Rachel, a Helenice.
Saibam. Descobrir é o primeiro resultado da contemplação. Depois vem o aprendizado. Por isso, aprendi que as palavras aparentemente ditas a mais não são assim tão soltas ao vento. Que usar de sinceridade muda as opiniões das pessoas. Que tomar um café da tarde em boa companhia revitaliza. Que aposta, tem resultado. Que Astral é mais do que uma conjunção astrológica. Que jogar fora pode ser uma boa. Que pedir ajuda é tão gratificante quanto ajudar. Que cooperação chega às vezes sem esforço, por um simples pedido. Que saber ouvir é difícil demais. Que perseverança é um mérito admirável. Que gentileza é artigo raro e que alguns, incrivelmente, têm de sobra.
Aprendi que solução existe quando se tem vontade. Que um não, é não mesmo. Mas quando vem acompanhado de olhar duvidoso, pode ser pedido de socorro. Que achar é o primeiro passo pro engano e que perguntar é o caminho de resolver. Que o relógio não se impõe ao tempo, que quase sempre corre muito rápido e que, poucas vezes, custa a passar. Aprendi que a preguiça existe e seu fantasma é o cansaço. Aprendi que para espantá-la, às vezes, é preciso aceitá-la.
Aceitar, claro! Esse foi mais um aprendizado. Aceitar que o outro não esteja tão a fim de conversar. E quando ele está muito a fim, aceitar também. Aceitar a raiva e o pedido de perdão. Esse é difícil pra ca... Aceitar a opinião do outro. Mais uma tremenda dificuldade. Aceitar a ideia que chega, nisso somos bons e podemos ser melhores! Aceitar o aviso de calar e o desafio de dizer. Aceitar o que terminou. Ou o que não tem fim. Aceitar a hora de reiniciar, mesmo com a amarga certeza de que a página só vira porque temos instinto de sobrevivência.
Tudo isso, descobri e aprendi, contemplando vocês na nossa convivência. Permitam-me continuar. Sei que isso não irá inibi-los, pois minha contemplação continuará silenciosa. Ela, muitas vezes, não vem com o momento. Chega depois, num caminho longo de carro para a casa, numa leitura ninada numa rede ou num banho de sol regado de música, num fim de semana de céu azul ou nas noites barulhentas de chuva. Isso tem me feito um bem animador. Obrigada!
E talvez meu maior aprendizado da contemplação tenha sido o de lembrar de bendizer o que é nosso. Isso também aprendi aqui. Então, está aí. O nosso ano da contemplação. Entendam tudo isso como um profundo agradecimento. Sem final, porque continuamos aprendendo. Vamos seguir em frente!
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Aconteceu.
Sem ter corpo, nem planos.
Chegou.
Sem ninguém esperar.
Doeu.
Apareceu oculto.
Ficou.
Daí, encantou.
A estória sem rumo
A boca, sem palavras
A tristeza, sem sentido.
Sonhou em vôo alto.
Fez dormir.
Daí, a escuridão.
Os olhos sem ver.
A boca, sem beijos
As mãos, sem amparo.
Acordei.
Amanheceu
Em um sonho derramado.
Sinais do silêncio.
Ouvidos mudos.
Massacraram
Ausência de chances e palavras.
Hoje, amanhã e depois.
Chegará
Não aconteceu mais.
junho de 1992
Sem ter corpo, nem planos.
Chegou.
Sem ninguém esperar.
Doeu.
Apareceu oculto.
Ficou.
Daí, encantou.
A estória sem rumo
A boca, sem palavras
A tristeza, sem sentido.
Sonhou em vôo alto.
Fez dormir.
Daí, a escuridão.
Os olhos sem ver.
A boca, sem beijos
As mãos, sem amparo.
Acordei.
Amanheceu
Em um sonho derramado.
Sinais do silêncio.
Ouvidos mudos.
Massacraram
Ausência de chances e palavras.
Hoje, amanhã e depois.
Chegará
Não aconteceu mais.
junho de 1992
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Um dia depois do outro
Como é mesmo isso?
Que parece embolar o peito
e faz a alegria brilhar a pele?
Que simplicidade é essa?
A que se sente fora da gente
E que queremos por dentro?
Que intensidade posso sentir
pra não explodir?
Que raiva devo controlar
pra não mais reconhecê-la?
Que medo devo afastar
pra saber que ele não existe?
Que passo devo dar
pra levar-me adiante?
Devo orar? Acreditar?
Se peço, tenho.
Graça de ser lembrada.
Se recebo, aceito.
Vida que segue.
Eu por dentro
e o resto fora.
Que parece embolar o peito
e faz a alegria brilhar a pele?
Que simplicidade é essa?
A que se sente fora da gente
E que queremos por dentro?
Que intensidade posso sentir
pra não explodir?
Que raiva devo controlar
pra não mais reconhecê-la?
Que medo devo afastar
pra saber que ele não existe?
Que passo devo dar
pra levar-me adiante?
Devo orar? Acreditar?
Se peço, tenho.
Graça de ser lembrada.
Se recebo, aceito.
Vida que segue.
Eu por dentro
e o resto fora.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Tinha que ser hoje
A partir de agora
Talvez dos sonhos, ele apareceu.
Talvez de dentro de mim.
Mas não chega a ser fantasia.
É real e delicioso.
Incontrolável desejo que não se explica
Sentimento estranho jamais sentido.
Que nome se dá a isso?
Saudade que é boa de sentir
Companhia mesmo que distante
Sintonia sem que sinais sejam mandados.
Alegria que vem de dentro
Imagem que não quer me soltar.
Num primeiro instante
Já senti que tudo mudava
Por medo ou dúvida de que acontecia,
Fuji, enquanto ia ao encontro.
Não consegui me livrar disso
Que parece invadir o que
Poderia chamar de ser.
Hoje estou frágil e leve.
Feliz até poderia dizer.
Fico com a sensação de que uma estória acaba de começar.
25 de julho de 1995
(3 anos depois, me casei com essa estória e estamos juntos há 15 anos)
Talvez dos sonhos, ele apareceu.
Talvez de dentro de mim.
Mas não chega a ser fantasia.
É real e delicioso.
Incontrolável desejo que não se explica
Sentimento estranho jamais sentido.
Que nome se dá a isso?
Saudade que é boa de sentir
Companhia mesmo que distante
Sintonia sem que sinais sejam mandados.
Alegria que vem de dentro
Imagem que não quer me soltar.
Num primeiro instante
Já senti que tudo mudava
Por medo ou dúvida de que acontecia,
Fuji, enquanto ia ao encontro.
Não consegui me livrar disso
Que parece invadir o que
Poderia chamar de ser.
Hoje estou frágil e leve.
Feliz até poderia dizer.
Fico com a sensação de que uma estória acaba de começar.
25 de julho de 1995
(3 anos depois, me casei com essa estória e estamos juntos há 15 anos)
sábado, 13 de novembro de 2010
O tempo passa!
Ontem, meu filho de 11 anos, vendo a sua foto com seu cachorrinho ainda filhote, comentou: - Mãe, o tempo passa, não é?
Assim busquei esse versos, criados em janeiro de 1985:
VIDAVIDAVIDAVID
IDAVIDAVIDAVIDA
DAVIDAVIDAVIDA
AVIDAVIDAVIDAVI
Passa a vida!
Passa a vida!
Passa a vida!
VVVIIIDDDAA.......
A vida passou!
Assim busquei esse versos, criados em janeiro de 1985:
VIDAVIDAVIDAVID
IDAVIDAVIDAVIDA
DAVIDAVIDAVIDA
AVIDAVIDAVIDAVI
Passa a vida!
Passa a vida!
Passa a vida!
VVVIIIDDDAA.......
A vida passou!
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Quando minha mãe fez 80 anos
Doce Vida Doce
Suspiros, bolos, pastéis.
Pirulitos, festas e filhos.
Canções de ninar e orações.
Banquetes e bifinhos ao amanhecer.
Caramelados e tapinhas no bumbum.
O que Dona Athanéa não fez em 80 anos?
Pular de pára-quedas ou Asa Delta?
Um mergulho em águas profundas?
Não, não. Isso ela não fez.
E por quê?
Ora! Dona Athanéa sabe a receita.
E como sabe!
Quindim e bolo de amendoim.
Farinha ou farofa.
Cocada ou coalhada.
São mãos de fada. Quem não quer experimentar?
É jeito doce de viver.
É tempero suave que dá gosto!
É carinho puro que conseguimos provar.
É maneira certa de saber amar.
sábado, 6 de novembro de 2010
O início do que tenho hoje
Obra de Amor
Antes, a vida em traço contínuo.
Sem força, sem direção.
Algo que flui.
Não há vontade. Só um coração.
Hoje, é vida também.
Mais plena, cheia de luz.
Alegria em ser.
Já não se incomoda. É emoção.
A lágrima corre, é verdade.
Mas ela vem da razão.
Não é solidão
E tão pouco dor de não ter.
É exaltação.
Medo de perder.
Antes, era só o sonho
Hoje, tenho a saudade
Aquela que vai e volta
e fica na eternidade.
E não há outra maneira
De sentir tal companhia.
Hoje ela vem de forma inteira
Força essa que não é só minha.
Vem de dentro como tempestade
Que chega, destrói e invade.
E o que fica não está em pedaços
É obra de amor
Feita de beijos, olhares e abraços.
Ucha Mendonça, 16 de abril de 1996
Ucha Mendonça, 16 de abril de 1996
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