Desafio dos 40.
Dizem alguns que a vida começa aos quarenta. Talvez, entenda agora, que algum novo despertar pode chegar com essa idade. Acredito mesmo que não há forma, receita ou conselho de como se viver bem ou melhor. Meus pais têm hoje mais de 80 anos e como são felizes e saudáveis. Partindo dessa constatação, o que me resta é acreditar que chego à metade da minha vida. E isso é delicioso.
De uns tempos pra cá esse número vem me perseguindo. Deixei as caminhadas de lado e me impus a corrida. Sabe quanto tempo corro? 40 minutos. Ora, lhe parece pouco? Pois o bem que me faz, me impressiona. Nesta falta de tempo que o mundo moderno reclama, achei uma lacuna que me revitaliza, me inspira. E daí descobri que 40 minutos fazem diferença.
E assim me propus a fazer coisas diferentes ou distantes de minha rotina por 40 minutos. Nada de regra, claro. Fora o desgaste físico que ainda não supero, nada que me proponho de novo tem tempo máximo de duração, nem poderia. Mas o desafio de alcançar os 40 minutos é, no mínimo – permitindo-me um trocadilho matemático - importante.
E hoje meu momento foi vasculhar minha pastinha já surrada, onde guardo anotações da juventude. E me deparei com um poema feito por mim aos 21 anos (postagem anterior). Taí! Orgulhei-me. E por mais uma coincidência matemática, a vida me deu o mesmo tempo para interpretá-lo mais uma vez. E descobri que os questionamentos que fazemos aos vinte anos não se perderam com o passar do tempo. E que a vontade de descobrir foi o que mudou muitos caminhos. E que outros foram traçados pela consciência de não ser assim tão racional.
Que bom chegar com mais 21 e saber que ainda estou em forma. A imposição dos 40 (minutos,claro!) foi por mim uma opção da vida que talvez possa ter começado sabe-se lá quando.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Aos 21
O desigual é tão completo!
A tua parte que não tenho
é a que mais desejo e admiro.
E aquela que dividimos
é a que tanto me fascina.
Parece que fiquei esperando
- o anjo já tinha anunciado.
Para que lutar tão cedo
se a batalha é mais leve com o tempo?
Tive receio de não conseguir.
E se tivesse que ser sempre desse modo?
Eu já não digo se é preguiça ou certeza
só sei que senti que vinha.
Cedo ou tarde.
Que venha e fundo.
Essa poesia é datada de 13 de outubro de 1989.
A tua parte que não tenho
é a que mais desejo e admiro.
E aquela que dividimos
é a que tanto me fascina.
Parece que fiquei esperando
- o anjo já tinha anunciado.
Para que lutar tão cedo
se a batalha é mais leve com o tempo?
Tive receio de não conseguir.
E se tivesse que ser sempre desse modo?
Eu já não digo se é preguiça ou certeza
só sei que senti que vinha.
Cedo ou tarde.
Que venha e fundo.
Essa poesia é datada de 13 de outubro de 1989.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Desencontro
Um passo
Um rasgo
o chão.
Um vão
Um não
o nada.
Um olhar
Um dar
a sombra.
Um eu
Um quero
a dúvida.
Um como?
Um sumo
a fuga
Um agora
um depois
o distante
um longe
um monte
a mente.
um vou
um sim
o talvez.
a volta
o nada
nem um bastante.
Um rasgo
o chão.
Um vão
Um não
o nada.
Um olhar
Um dar
a sombra.
Um eu
Um quero
a dúvida.
Um como?
Um sumo
a fuga
Um agora
um depois
o distante
um longe
um monte
a mente.
um vou
um sim
o talvez.
a volta
o nada
nem um bastante.
domingo, 16 de janeiro de 2011
FILHO
Força que vem de dentro.
Força que passou por mim e segue seu rumo.
O tempo passa e o amor fica maior.
A dor também.
O medo nunca desaparece.
De perder.
De não segurar
De não poder agarrar.
É tão mágico!
Um pouco de nós e tão diferente.
Tão igual que negamos a semelhança.
Queremos que sejam melhores.
É calor, quando o frio da idade começa a aparecer.
É inocência e sabedoria
É tudo o que temos, mesmo quando longe
É a parte mais límpida, sem vícios e sem frescuras.
É a vitória de que a gente mais vibra
sem termos lutado contra ninguém.
É a certeza de que erramos
É a delícia de não nos comprometermos
e o dever de sermos nós, em nossa essência.
É a desculpa pra não levar à sério
aquilo que nos parece complicado.
É ser simples, pois nada é tão complexo.
É amar, sem pedir nada em troca.
É servir, para que possam aprender.
É querer o melhor,
É pedir pro mundo tratá-lo bem
É dizer a ele o que esperar
É deixá-lo viver.
30 de novembro de 2007
Força que passou por mim e segue seu rumo.
O tempo passa e o amor fica maior.
A dor também.
O medo nunca desaparece.
De perder.
De não segurar
De não poder agarrar.
É tão mágico!
Um pouco de nós e tão diferente.
Tão igual que negamos a semelhança.
Queremos que sejam melhores.
É calor, quando o frio da idade começa a aparecer.
É inocência e sabedoria
É tudo o que temos, mesmo quando longe
É a parte mais límpida, sem vícios e sem frescuras.
É a vitória de que a gente mais vibra
sem termos lutado contra ninguém.
É a certeza de que erramos
É a delícia de não nos comprometermos
e o dever de sermos nós, em nossa essência.
É a desculpa pra não levar à sério
aquilo que nos parece complicado.
É ser simples, pois nada é tão complexo.
É amar, sem pedir nada em troca.
É servir, para que possam aprender.
É querer o melhor,
É pedir pro mundo tratá-lo bem
É dizer a ele o que esperar
É deixá-lo viver.
30 de novembro de 2007
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Solidão e Razão.
Depois que a escuridão chega
tudo parece mais difícil.
Mas um pensamento vago
relaxa a mente dos horrores
e busca no breu da noite
o motivo de sentir tudo aquilo.
O vácuo da solidão invade o peito
que teima em bater sem ritmo
à espera de alguém distante.
Angústia por criar encontros possíveis
ou por buscar a razão de ter que aguardar.
Uma irritante explicação repete-se pelo ar
O que os olhos podem enxergar
parece miragem pra mente que trabalha.
O que o coração responde
torna-se martírio para a razão que procura.
Pois essa não há.
Razão, onde está?
Perseguida, foge da luta.
Desejada, desaparece.
Enquanto presente, separa.
Afasta o mal para ela e reina solitariamente.
tudo parece mais difícil.
Mas um pensamento vago
relaxa a mente dos horrores
e busca no breu da noite
o motivo de sentir tudo aquilo.
O vácuo da solidão invade o peito
que teima em bater sem ritmo
à espera de alguém distante.
Angústia por criar encontros possíveis
ou por buscar a razão de ter que aguardar.
Uma irritante explicação repete-se pelo ar
O que os olhos podem enxergar
parece miragem pra mente que trabalha.
O que o coração responde
torna-se martírio para a razão que procura.
Pois essa não há.
Razão, onde está?
Perseguida, foge da luta.
Desejada, desaparece.
Enquanto presente, separa.
Afasta o mal para ela e reina solitariamente.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
O ano da contemplação
2010: o ano da contemplação
De uns tempos pra cá, comecei a sentir falta de parar. Acho que a velocidade com que vivemos nossos dias nos impede de deliciar pequenas coisas. Daí, percebi que nos falta tempo de contemplar. E quando digo isso, parto da observação simples das pessoas que nos cercam.
Quem ainda consegue achar tempo para ficar admirando uma paisagem, a natureza, o céu ou vento deve saber do que estou falando. Eu prefiro contemplar pessoas, com todo o respeito. Quando contemplamos, observamos com um ímpeto consciente de descobrir: algo no outro, no contemplado, ou em nós mesmos.
E foi contemplando as pessoas que descobri uma curiosidade. Não há quem não tenha algo a dizer, mesmo que não fale nada. E assim venho colecionando aprendizados interessantes. O maior deles é justamente a constatação de que aprenderemos até o fim de nossas vidas. E que vamos nos surpreender sempre ao descobrir que passamos um tempo enorme sem saber alguma coisa e depois vamos nos questionar rigorosamente por ter vivido até ali nesta pequena ignorância.
Por que digo isso?
Porque mesmo sem a permissão de vocês, ousei contemplá-los. Perdoem-me, isso passou a ser meu vício. E sabe o que eu descobri? Os sorrisos. Sim, descobri que a República está sorrindo mais. Querem contemplar comigo? Pensem no sorriso de cada republicano. Como todos têm algo a dizer. Por isso, eu lhes peço. Não se acanhem. Sorriam. Falar sorrindo é um grande exercício pra alma. Para a sua e a dos seus.
Não é porque o fim de ano está chegando que faço isso. Como já disse, estou com essa mania faz tempo. Não acho que precisamos trocar de calendário para contemplar. Mas nesta contagem regressiva pra 2011 não resisti a fazer esse convite a vocês e a partilhar o que consegui descobrir.
Em 2010, a República descobriu o Leandro, o Catraca, o Pedro, a Ana, a Thalita. E também, redescobriu a Larissa. Descobriu que tem um time de futebol. E que tem técnico! E o melhor, que tem torcida. Que tem uma tenista, no artigo feminino! Que tem um gerente de arte, que tem dupla sertaneja, que tem turma, que tem pique. Que tem bolão, e tem vencedor. E claro, confirmou que valeu a pena ter descoberto o Leo, o JP, a Monaliza, a Rachel, a Helenice.
Saibam. Descobrir é o primeiro resultado da contemplação. Depois vem o aprendizado. Por isso, aprendi que as palavras aparentemente ditas a mais não são assim tão soltas ao vento. Que usar de sinceridade muda as opiniões das pessoas. Que tomar um café da tarde em boa companhia revitaliza. Que aposta, tem resultado. Que Astral é mais do que uma conjunção astrológica. Que jogar fora pode ser uma boa. Que pedir ajuda é tão gratificante quanto ajudar. Que cooperação chega às vezes sem esforço, por um simples pedido. Que saber ouvir é difícil demais. Que perseverança é um mérito admirável. Que gentileza é artigo raro e que alguns, incrivelmente, têm de sobra.
Aprendi que solução existe quando se tem vontade. Que um não, é não mesmo. Mas quando vem acompanhado de olhar duvidoso, pode ser pedido de socorro. Que achar é o primeiro passo pro engano e que perguntar é o caminho de resolver. Que o relógio não se impõe ao tempo, que quase sempre corre muito rápido e que, poucas vezes, custa a passar. Aprendi que a preguiça existe e seu fantasma é o cansaço. Aprendi que para espantá-la, às vezes, é preciso aceitá-la.
Aceitar, claro! Esse foi mais um aprendizado. Aceitar que o outro não esteja tão a fim de conversar. E quando ele está muito a fim, aceitar também. Aceitar a raiva e o pedido de perdão. Esse é difícil pra ca... Aceitar a opinião do outro. Mais uma tremenda dificuldade. Aceitar a ideia que chega, nisso somos bons e podemos ser melhores! Aceitar o aviso de calar e o desafio de dizer. Aceitar o que terminou. Ou o que não tem fim. Aceitar a hora de reiniciar, mesmo com a amarga certeza de que a página só vira porque temos instinto de sobrevivência.
Tudo isso, descobri e aprendi, contemplando vocês na nossa convivência. Permitam-me continuar. Sei que isso não irá inibi-los, pois minha contemplação continuará silenciosa. Ela, muitas vezes, não vem com o momento. Chega depois, num caminho longo de carro para a casa, numa leitura ninada numa rede ou num banho de sol regado de música, num fim de semana de céu azul ou nas noites barulhentas de chuva. Isso tem me feito um bem animador. Obrigada!
E talvez meu maior aprendizado da contemplação tenha sido o de lembrar de bendizer o que é nosso. Isso também aprendi aqui. Então, está aí. O nosso ano da contemplação. Entendam tudo isso como um profundo agradecimento. Sem final, porque continuamos aprendendo. Vamos seguir em frente!
De uns tempos pra cá, comecei a sentir falta de parar. Acho que a velocidade com que vivemos nossos dias nos impede de deliciar pequenas coisas. Daí, percebi que nos falta tempo de contemplar. E quando digo isso, parto da observação simples das pessoas que nos cercam.
Quem ainda consegue achar tempo para ficar admirando uma paisagem, a natureza, o céu ou vento deve saber do que estou falando. Eu prefiro contemplar pessoas, com todo o respeito. Quando contemplamos, observamos com um ímpeto consciente de descobrir: algo no outro, no contemplado, ou em nós mesmos.
E foi contemplando as pessoas que descobri uma curiosidade. Não há quem não tenha algo a dizer, mesmo que não fale nada. E assim venho colecionando aprendizados interessantes. O maior deles é justamente a constatação de que aprenderemos até o fim de nossas vidas. E que vamos nos surpreender sempre ao descobrir que passamos um tempo enorme sem saber alguma coisa e depois vamos nos questionar rigorosamente por ter vivido até ali nesta pequena ignorância.
Por que digo isso?
Porque mesmo sem a permissão de vocês, ousei contemplá-los. Perdoem-me, isso passou a ser meu vício. E sabe o que eu descobri? Os sorrisos. Sim, descobri que a República está sorrindo mais. Querem contemplar comigo? Pensem no sorriso de cada republicano. Como todos têm algo a dizer. Por isso, eu lhes peço. Não se acanhem. Sorriam. Falar sorrindo é um grande exercício pra alma. Para a sua e a dos seus.
Não é porque o fim de ano está chegando que faço isso. Como já disse, estou com essa mania faz tempo. Não acho que precisamos trocar de calendário para contemplar. Mas nesta contagem regressiva pra 2011 não resisti a fazer esse convite a vocês e a partilhar o que consegui descobrir.
Em 2010, a República descobriu o Leandro, o Catraca, o Pedro, a Ana, a Thalita. E também, redescobriu a Larissa. Descobriu que tem um time de futebol. E que tem técnico! E o melhor, que tem torcida. Que tem uma tenista, no artigo feminino! Que tem um gerente de arte, que tem dupla sertaneja, que tem turma, que tem pique. Que tem bolão, e tem vencedor. E claro, confirmou que valeu a pena ter descoberto o Leo, o JP, a Monaliza, a Rachel, a Helenice.
Saibam. Descobrir é o primeiro resultado da contemplação. Depois vem o aprendizado. Por isso, aprendi que as palavras aparentemente ditas a mais não são assim tão soltas ao vento. Que usar de sinceridade muda as opiniões das pessoas. Que tomar um café da tarde em boa companhia revitaliza. Que aposta, tem resultado. Que Astral é mais do que uma conjunção astrológica. Que jogar fora pode ser uma boa. Que pedir ajuda é tão gratificante quanto ajudar. Que cooperação chega às vezes sem esforço, por um simples pedido. Que saber ouvir é difícil demais. Que perseverança é um mérito admirável. Que gentileza é artigo raro e que alguns, incrivelmente, têm de sobra.
Aprendi que solução existe quando se tem vontade. Que um não, é não mesmo. Mas quando vem acompanhado de olhar duvidoso, pode ser pedido de socorro. Que achar é o primeiro passo pro engano e que perguntar é o caminho de resolver. Que o relógio não se impõe ao tempo, que quase sempre corre muito rápido e que, poucas vezes, custa a passar. Aprendi que a preguiça existe e seu fantasma é o cansaço. Aprendi que para espantá-la, às vezes, é preciso aceitá-la.
Aceitar, claro! Esse foi mais um aprendizado. Aceitar que o outro não esteja tão a fim de conversar. E quando ele está muito a fim, aceitar também. Aceitar a raiva e o pedido de perdão. Esse é difícil pra ca... Aceitar a opinião do outro. Mais uma tremenda dificuldade. Aceitar a ideia que chega, nisso somos bons e podemos ser melhores! Aceitar o aviso de calar e o desafio de dizer. Aceitar o que terminou. Ou o que não tem fim. Aceitar a hora de reiniciar, mesmo com a amarga certeza de que a página só vira porque temos instinto de sobrevivência.
Tudo isso, descobri e aprendi, contemplando vocês na nossa convivência. Permitam-me continuar. Sei que isso não irá inibi-los, pois minha contemplação continuará silenciosa. Ela, muitas vezes, não vem com o momento. Chega depois, num caminho longo de carro para a casa, numa leitura ninada numa rede ou num banho de sol regado de música, num fim de semana de céu azul ou nas noites barulhentas de chuva. Isso tem me feito um bem animador. Obrigada!
E talvez meu maior aprendizado da contemplação tenha sido o de lembrar de bendizer o que é nosso. Isso também aprendi aqui. Então, está aí. O nosso ano da contemplação. Entendam tudo isso como um profundo agradecimento. Sem final, porque continuamos aprendendo. Vamos seguir em frente!
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Aconteceu.
Sem ter corpo, nem planos.
Chegou.
Sem ninguém esperar.
Doeu.
Apareceu oculto.
Ficou.
Daí, encantou.
A estória sem rumo
A boca, sem palavras
A tristeza, sem sentido.
Sonhou em vôo alto.
Fez dormir.
Daí, a escuridão.
Os olhos sem ver.
A boca, sem beijos
As mãos, sem amparo.
Acordei.
Amanheceu
Em um sonho derramado.
Sinais do silêncio.
Ouvidos mudos.
Massacraram
Ausência de chances e palavras.
Hoje, amanhã e depois.
Chegará
Não aconteceu mais.
junho de 1992
Sem ter corpo, nem planos.
Chegou.
Sem ninguém esperar.
Doeu.
Apareceu oculto.
Ficou.
Daí, encantou.
A estória sem rumo
A boca, sem palavras
A tristeza, sem sentido.
Sonhou em vôo alto.
Fez dormir.
Daí, a escuridão.
Os olhos sem ver.
A boca, sem beijos
As mãos, sem amparo.
Acordei.
Amanheceu
Em um sonho derramado.
Sinais do silêncio.
Ouvidos mudos.
Massacraram
Ausência de chances e palavras.
Hoje, amanhã e depois.
Chegará
Não aconteceu mais.
junho de 1992
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