Trago aqui algum pedaço de passado.
Uma lembrança branca de um dia qualquer.
Tenho guardado num baú de saudade
Os sorrisos de menina amada.
Deixo lá muitas razões.
Hoje quase tristezas que não importam mais.
E encanto-me de alegrias que ficaram
Criança que um dia fui e que não larguei.
Cultivo o que deixei,
Pois plantada em mim ficou.
A mais longa infância vivida
É agora a mais desejada.
Sei agora que sou
Um tudo daquele pouco.
E quando achei muito
Descobri um resto que me inundou.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
sábado, 13 de outubro de 2012
Uma história de amor
Eles eram lindos.
Separados por um tempo diferente
Aprenderam a observar de longe.
Não havia confissão do querer ou ao menos
Não lhes era permitido assim se expressar.
Havia uma alegria incondicional em contemplar.
Assimilar a coragem de quem tudo pode
E admirar a doçura do fruto maduro.
Unidos por um resto de tempo que soprava entre eles
Ou de uma permissão tardia do destino,
Compartilharam o que lhes era possível.
Sem medo e sem fressuras.
Presos num pacto da realidade
Buscaram levar suas vidas e
A não desistir de um caminho dentro de si.
Não pensem que não desejaram.
Era apenas o jeito que tinham de mostrar
Que nada podiam fazer diante
da implacável distância que vida imprimia.
Ora, não havia do que reclamar.
Eram felizes.
Não pensem que desistiram.
Era apenas o jeito de lhes dizer
Que respeitavam a felicidade mútua.
Ora, sabiam que não havia o que contrariar.
Respeitaram até onde puderam
A decisão que moldava por fora o que se tinha por dentro.
Era a forma de amor encontrada
Por aqueles seres que se viam
dentro da vida do outro.
Não conheci o fim desta história.
Acostumada a encontrar justificativas em tudo
Entendo que sentimentos que se trocam nunca são em vão.
Nunca terminam, nunca acabam.
Podem trocar de lugar, ficar escondidos, latentes.
Mas se houver a chance,
Brotam, crescem e formam árvores de grande sombra e abrigo.
Espero que fim possa ser sido a coragem de colher os frutos.
sábado, 25 de agosto de 2012
Hoje estou ao meio
Hoje estou ao meio. Não sei qual parte de mim é maior ou mais viva. E qual enfraqueceu e se inquieta. Me dividi em pedaços querendo pegar apenas os que julgo que ainda brotam. Tento buscar uma terra fértil em meu pensamento para plantar o que restou. As lembranças cultivadas balançam entre folhas secas. Ainda são frutos maduros e doces. Com sabor delicioso da paixão. Acreditava que árvores de grandes sombras eram abrigo e aconchego. Não imaginava que poderiam dançar com uma tempestade que faz galhos fortes se quebrarem. Ainda quero me envolver em seus braços. Ainda quero experimentar a doçura de sua maçã. Ainda desejo me esconder do sol quente em sua sombra e fugir da chuva, indo ao seu encontro. Mas hoje estou ao meio e não sei que parte de mim quer seguir e qual deseja parar. Sim, nada é definitivo, nem mesmo o que acreditei um dia ser. Por isso, peço que espere, pois uma parte de mim é amor e a outra é vontade de ainda ser.
O dia que pensei que não chegaria
Sabe um dia que achei que não ia chegar? Hoje. Algo que acreditava se foi com poucas palavras. Tão simples que não pareciam verdadeiras. Palavras perigosas, que vão chegando numa seqüência de mensagens e chegam em meus olhos como um soco no peito. Juro que não procurei e - que loucura! - achei. Vamos enfrentar a verdade. Um deletar resolve a vida online e a dúvida fica na vida real.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Pensar sobre o nada
Interessante! Para interagir na maior rede social do mundo, o Facebook lhe sugere: no que você está pensando? No email, se você não digita no campo assunto, a mensagem lhe pergunta: quer enviar assim mesmo? Será mesmo que a mente humana não pode sustentar o nada? Que não há uma mensagem criada a partir de um vazio? Creio que sim. Chamaria de desconhecido, algo que ainda não experimentamos. Sim é possível sentir o que ainda não nomeamos, querer o que ainda não conhecemos, desejar o que ainda será nosso. A dúvida nos é permitida e a ignorância é aceita como estágio inicial. Quando caminhamos em sentido oposto, nos deparamos com o que chamamos experiência e tal sensação muitas vezes nos serve de algoz, matando um lampejo de esperança ou de desbravadora, fazendo-nos descobrir.
Sinto hoje que há um ímpeto em nós em buscar o novo e descartar o improvável. O descobrir isentou a conseqüência, não é necessário medir resultados ou pensar no depois quando o assunto é " minha vida". Talvez falte coragem, talvez sobre vontade. E o que fica é o mais fácil. Às vezes preferimos o primeiro, o que se desponta ou o mais atraente. E por que só quando viramos a esquina é que vimos que era a rua errada? Voltar é possível, mas é dolorido. E que ficou lá trás é o que nos importa realmente. E aí?
Volto ao nada. Pensar o vazio. Começar de um ponto zero, onde nenhuma possibilidade se apresente. Difícil? Sim e por isso, fascinante. Engana-se quem pensa que tudo é possível. Entender dentro de si o início. Não há lugar, não há momento. Só um ponto de partida. Assim, acredito que o ser humano é capaz de construir a partir do que imagina não ter. Pensar sobre o nada, não ter assunto determinado e conseguir erguer seu caminho.
Interessante! Agora estou pensando em nada e quantas possibilidades sinto.
Interessante! Agora estou pensando em nada e quantas possibilidades sinto.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Dica de vida boa
Se é pra pensar, deixa pra lá.
Se é pra falar,me dá um minuto.
Se eu não escuto, vem, me sacode.
Se quer meu sorriso, comece a contar.
Se não der certo, não era a hora.
Se for pra depois, não me interessa.
Se faltar palavra, o beijo serve.
Se o pé doer, tire os sapatos.
Se der preguiça, melhor encarar.
Se não adiantar, então aceite.
Se não é amor, ainda vai ser.
Se não esperar, não vai chegar.
Se for pra mais, tanto faz.
Se for pra menos, tente completar.
Se não fizer diferença, não valeu.
Se não sonhar, acorde.
E se acontecer, isso é normal.
Se é pra falar,me dá um minuto.
Se eu não escuto, vem, me sacode.
Se quer meu sorriso, comece a contar.
Se não der certo, não era a hora.
Se for pra depois, não me interessa.
Se faltar palavra, o beijo serve.
Se o pé doer, tire os sapatos.
Se der preguiça, melhor encarar.
Se não adiantar, então aceite.
Se não é amor, ainda vai ser.
Se não esperar, não vai chegar.
Se for pra mais, tanto faz.
Se for pra menos, tente completar.
Se não fizer diferença, não valeu.
Se não sonhar, acorde.
E se acontecer, isso é normal.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Gentilezas incompartilhadas
Estive pensando que todos os dias são datas especiais para algumas pessoas. Hoje, alguém ganhou seu primeiro beijo ou se perdeu de paixão. Hoje, alguém nasceu ou se foi para sempre. Hoje pode ter sido o dia de se comemorar um aniversário, o primeiro emprego, uma conquista.
Afinal, temos a estranha e deliciosa mania de marcar nossa vida com fatos que nos tocam: o dia que mudamos para a casa nova, o dia que embarcamos para a viagem de nossas vidas, o dia em que conhecemos nosso amor, o dia em que o perdemos, o dia em que passamos no vestibular, o dia da formatura, o dia do casamento - às vezes o nosso, às vezes os dos outros.
Isso me faz chegar a uma conclusão. O dia que estamos vivendo se torna especial por qualquer (ou por toda) razão. Bastaria a nós apontar em nossa mente o que de fato fizemos hoje. Marcar em nossa linha do pensamento instantes que ainda fogem ao nosso controle e que não são registráveis instantaneamente por lentes móveis espalhadas em nossas vidas.
A gentileza desconhecida nas calçadas, um sorriso franco e despretensioso de alguém que você nunca tinha visto, um agradecimento aberto ou um pedido de desculpas instantâneo e gentil.
Às vezes, presos numa rede a qual chamamos de social, esquecemos de guardar tais momentos, muitos incompartilháveis, mas de intensa sinergia humana.
Para quantas destas tantas pessoas que passam literalmente por nossas vidas, hoje não foi um dia regado de fato por um momento único, simples e não menos intenso do que aqueles que julgamos especiais em nossas vidas?
E nesse vai e vem urbano, a gente acaba por compreender coisas que não se explicam. O porque passamos por uma rua ou não seguimos um determinado caminho. Por que falamos uma determinada palavra ou optamos por um silêncio. Somos tocados por anjos ou por representantes legítimos da presença de uma mão divina. E assim, vamos colecionando instantes memoráveis que por uma equivocada velocidade nos passam despercebidos.
Por isso, faço um apelo agora. Marcar na nossa timelife real, que numa tradução mais livre e estendida seria chamada por mim de "tempo da nossa vida real" as presenças que fazem a diferença. Que mudam nossos dias comuns e os fazem especiais. Que com palavras normais nos fazem sorrir, que nos encantam no inesperado e que nos confortam quando achamos que não temos mais nada. A essas pessoas especiais - as que sabem e as que desconhecem tamanho potencial - deixo marcado meu mais íntimo agradecimento e uma farta declaração de amor para que possam passar adiante todo o bem que a mim fazem.
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