Eu estava lendo Clarice e ela me disse ter uma alma prolixa e usar poucas palavras. Em outro momento, sentencia: “Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.”
Bem,
sendo assim, concluo que a mim resta também escrever. Palavras escritas podem
ser mais doces que as faladas. E me desafio nessa noite fria. Não para que as
respostas cheguem dizendo basta, mas para que as perguntas antes caladas sejam
ditas para existir. E tragam talvez alguma razão para a busca incessante. E quem
sabe, o que virá será forjado de sentenças de boas reflexões.
Não
quero jogar responsabilidades naquilo que ainda desconheço e nem apostar que os
passos ao futuro trarão conforto ao que vivi no passado. Mas sei que o que vejo
na paisagem do caminho são bordas infinitas de possíveis viveres.
Interessante
descobrir que ainda não sabemos. Ou ainda, que sabemos o que ainda não se
revelou. Mas que se mexe por dentro, muda a mente, acelera o sangue e conduz
sensações estranhas de viver; que se confundem na fronteira do saber e do
sentir. E que, nessa trajetória de tentar se libertar, lutam entre si e não se desfazem de uma estranha proteção de
serem o que não precisam ser.
Suponho
certezas ou dúvidas. De qualquer maneira, algo fora do lugar parece estar. Um
sentir fora do tempo. Fora de nós. À parte
do que imaginamos ser. Ou além de nós. Não que haja encaixe perfeito, isso pode
habitar no mais longínquo e desejável sentido
da vida, mas nas noites e dias que enfrentamos, confirmamos diariamente que nosso
caminhar não é ciência exata.
Difícil
de entender essa estranha mania de querer entender.