domingo, 22 de maio de 2011

Rita Santa

Hoje especialmente deixo de lado os poemas e me aceito em estado limpo. Deixo o encontro das palavras e me deleito em sentir. 22 de maio é dia de Santa Rita de Cássia. Se tenho alguma certeza de que ter fé nos eleva o espírito, posso dizer que com ela acalmei muitas vezes meu coração.

Diria que fé são para poucos. E nem sei se posso dizer que a tenho. No mundo de hoje acreditar incondicionalmente é algo fora do comum. Ou porque somos levados a racionalizar ou porque não somos incentivados a sonhar. Hoje, ouvindo Capital Inicial, marquei a frase da música Olhos Vermelhos: “Parei de pensar e comecei a sentir”.

Sim, nos questionamos muito e desafiamos a aceitar o inevitável. Por que comigo? Quantas vezes essa pergunta ecoou no peito e nos fez negar o que a vida trazia? O que mais se não a fé no faz seguir? Que a chamem de força, de resiliência, de determinação. Não importa. O que vale é sentir.

Assim trago comigo apenas essa certeza. De que o que sentimos é o sinal mais evidente de que podemos acreditar, entregar e pedir. Que não é caminho sem volta, que não é falar com o espelho. Algo maior está conosco.

Para quem tem fé. Uma vela, uma rosa vermelha e uma oração que venha do coração. Santa Rita de Cássia esta aí. Sempre dá certo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Hoje

Tanto tempo longe que esquecemos quem somos.
Tanta coisa pra arrumar
Tantas vontades pra desejar.

Que o tempo pare para agradecer.
Que continue pra acontecer.

Se a força vem de dentro ou se dentro se instala
não procure saber

O certo é que a gente as vezes se esquece do que podemos
e o pedido não vem.

Ah, que eu me lembre mais.
Que ore mais,
que agradeça sempre.

domingo, 3 de abril de 2011

Feliz Aniversário, minha irmã!

Hoje descobri que podemos surpreender sem dizer nada.
Mesmo sem uma palavra dita, temos muita chance de nos fazer entender.
O que são sorrisos, momentos, um silêncio?
O que são risos, vozes, muita conversa?
O que é família, se não tudo isso?
O que são amigos, se não mais que isso?
O que podemos dizer de nós mesmos, quando não temos espelhos e nos vemos?

Tudo em volta de uma mesa.
Todos em sua volta.
E volta e meia, conversas, risos, amigos.
Muita comida e bebida.
Se assim não é a vida, não vivemos.

Hoje descobri que não podemos.
Não podemos deixar passar.
Não podemos correr dos riscos
Não podemos esquecer de ouvir.

Porque afinal o que fica no depois é o sempre.
O que passou, misturado com o que vivemos num lapso de lembrança que não se apaga.

domingo, 20 de março de 2011

Vida e como não?

Um caminho traçado.
Obra feita para chegar.
Fins complicados e felizes,
esculpindo formas e curvas,
desviando e escolhendo erros.
Uma arte a se fazer.

A vida traçada e
e a vida a se fazer.
Caminhos escolhidos
Curvas esculpidas
para se chegar a erros
e não a fins.
A arte desviando a perfeição,
desmascarando a beleza,
sugerindo vida.

Este poema é datado de 19 de julho de 1984

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Depois 21

Desafio dos 40.

Dizem alguns que a vida começa aos quarenta. Talvez, entenda agora, que algum novo despertar pode chegar com essa idade. Acredito mesmo que não há forma, receita ou conselho de como se viver bem ou melhor. Meus pais têm hoje mais de 80 anos e como são felizes e saudáveis. Partindo dessa constatação, o que me resta é acreditar que chego à metade da minha vida. E isso é delicioso.

De uns tempos pra cá esse número vem me perseguindo. Deixei as caminhadas de lado e me impus a corrida. Sabe quanto tempo corro? 40 minutos. Ora, lhe parece pouco? Pois o bem que me faz, me impressiona. Nesta falta de tempo que o mundo moderno reclama, achei uma lacuna que me revitaliza, me inspira. E daí descobri que 40 minutos fazem diferença.

E assim me propus a fazer coisas diferentes ou distantes de minha rotina por 40 minutos. Nada de regra, claro. Fora o desgaste físico que ainda não supero, nada que me proponho de novo tem tempo máximo de duração, nem poderia. Mas o desafio de alcançar os 40 minutos é, no mínimo – permitindo-me um trocadilho matemático - importante.

E hoje meu momento foi vasculhar minha pastinha já surrada, onde guardo anotações da juventude. E me deparei com um poema feito por mim aos 21 anos (postagem anterior). Taí! Orgulhei-me. E por mais uma coincidência matemática, a vida me deu o mesmo tempo para interpretá-lo mais uma vez. E descobri que os questionamentos que fazemos aos vinte anos não se perderam com o passar do tempo. E que a vontade de descobrir foi o que mudou muitos caminhos. E que outros foram traçados pela consciência de não ser assim tão racional.

Que bom chegar com mais 21 e saber que ainda estou em forma. A imposição dos 40 (minutos,claro!) foi por mim uma opção da vida que talvez possa ter começado sabe-se lá quando.

Aos 21

O desigual é tão completo!
A tua parte que não tenho
é a que mais desejo e admiro.
E aquela que dividimos
é a que tanto me fascina.

Parece que fiquei esperando
- o anjo já tinha anunciado.

Para que lutar tão cedo
se a batalha é mais leve com o tempo?

Tive receio de não conseguir.
E se tivesse que ser sempre desse modo?

Eu já não digo se é preguiça ou certeza
só sei que senti que vinha.
Cedo ou tarde.

Que venha e fundo.


Essa poesia é datada de 13 de outubro de 1989.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Desencontro

Um passo
Um rasgo
o chão.

Um vão
Um não
o nada.

Um olhar
Um dar
a sombra.

Um eu
Um quero
a dúvida.

Um como?
Um sumo
a fuga

Um agora
um depois
o distante

um longe
um monte
a mente.

um vou
um sim
o talvez.

a volta
o nada
nem um bastante.

domingo, 16 de janeiro de 2011

FILHO

Força que vem de dentro.
Força que passou por mim e segue seu rumo.
O tempo passa e o amor fica maior.
A dor também.
O medo nunca desaparece.
De perder.
De não segurar
De não poder agarrar.

É tão mágico!
Um pouco de nós e tão diferente.
Tão igual que negamos a semelhança.
Queremos que sejam melhores.

É calor, quando o frio da idade começa a aparecer.
É inocência e sabedoria
É tudo o que temos, mesmo quando longe
É a parte mais límpida, sem vícios e sem frescuras.

É a vitória de que a gente mais vibra
sem termos lutado contra ninguém.

É a certeza de que erramos
É a delícia de não nos comprometermos
e o dever de sermos nós, em nossa essência.

É a desculpa pra não levar à sério
aquilo que nos parece complicado.
É ser simples, pois nada é tão complexo.

É amar, sem pedir nada em troca.
É servir, para que possam aprender.
É querer o melhor,
É pedir pro mundo tratá-lo bem
É dizer a ele o que esperar
É deixá-lo viver.

30 de novembro de 2007

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Solidão e Razão.

Depois que a escuridão chega
tudo parece mais difícil.
Mas um pensamento vago
relaxa a mente dos horrores
e busca no breu da noite
o motivo de sentir tudo aquilo.

O vácuo da solidão invade o peito
que teima em bater sem ritmo
à espera de alguém distante.
Angústia por criar encontros possíveis
ou por buscar a razão de ter que aguardar.

Uma irritante explicação repete-se pelo ar
O que os olhos podem enxergar
parece miragem pra mente que trabalha.
O que o coração responde
torna-se martírio para a razão que procura.
Pois essa não há.
Razão, onde está?
Perseguida, foge da luta.
Desejada, desaparece.
Enquanto presente, separa.
Afasta o mal para ela e reina solitariamente.