domingo, 13 de fevereiro de 2011

Depois 21

Desafio dos 40.

Dizem alguns que a vida começa aos quarenta. Talvez, entenda agora, que algum novo despertar pode chegar com essa idade. Acredito mesmo que não há forma, receita ou conselho de como se viver bem ou melhor. Meus pais têm hoje mais de 80 anos e como são felizes e saudáveis. Partindo dessa constatação, o que me resta é acreditar que chego à metade da minha vida. E isso é delicioso.

De uns tempos pra cá esse número vem me perseguindo. Deixei as caminhadas de lado e me impus a corrida. Sabe quanto tempo corro? 40 minutos. Ora, lhe parece pouco? Pois o bem que me faz, me impressiona. Nesta falta de tempo que o mundo moderno reclama, achei uma lacuna que me revitaliza, me inspira. E daí descobri que 40 minutos fazem diferença.

E assim me propus a fazer coisas diferentes ou distantes de minha rotina por 40 minutos. Nada de regra, claro. Fora o desgaste físico que ainda não supero, nada que me proponho de novo tem tempo máximo de duração, nem poderia. Mas o desafio de alcançar os 40 minutos é, no mínimo – permitindo-me um trocadilho matemático - importante.

E hoje meu momento foi vasculhar minha pastinha já surrada, onde guardo anotações da juventude. E me deparei com um poema feito por mim aos 21 anos (postagem anterior). Taí! Orgulhei-me. E por mais uma coincidência matemática, a vida me deu o mesmo tempo para interpretá-lo mais uma vez. E descobri que os questionamentos que fazemos aos vinte anos não se perderam com o passar do tempo. E que a vontade de descobrir foi o que mudou muitos caminhos. E que outros foram traçados pela consciência de não ser assim tão racional.

Que bom chegar com mais 21 e saber que ainda estou em forma. A imposição dos 40 (minutos,claro!) foi por mim uma opção da vida que talvez possa ter começado sabe-se lá quando.

Aos 21

O desigual é tão completo!
A tua parte que não tenho
é a que mais desejo e admiro.
E aquela que dividimos
é a que tanto me fascina.

Parece que fiquei esperando
- o anjo já tinha anunciado.

Para que lutar tão cedo
se a batalha é mais leve com o tempo?

Tive receio de não conseguir.
E se tivesse que ser sempre desse modo?

Eu já não digo se é preguiça ou certeza
só sei que senti que vinha.
Cedo ou tarde.

Que venha e fundo.


Essa poesia é datada de 13 de outubro de 1989.