sexta-feira, 21 de junho de 2013

Duas

Busquei uma palavra que fosse pra aliviar meu coração e o que encontrei foram letras desconectadas que não encontravam ao menos um par. Não se juntavam para formar um eu, si, me ou ti, tu ei to aí!

domingo, 2 de junho de 2013

Noite e Dia


Pedi que fossem tranqüilas minhas manhãs e elas vieram, intercaladas de noites quentes. Embora o frio lá fora que não as abatia, meu corpo aqueceu-se de amor e encanto. 
Névoa passageira, vencida pelo Sol, abriu um sorriso para mim. Mostrou que o dia passa, sim, mas o que se tem guardado supera o tempo.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Chorei e ai?

Não há pranto que não seque.
Com beijo do amor,
Colo do filho
Ou abraço do amigo.
Ele há de terminar.

Só gentilezas.
Chamar de meus.
Encher os olhos de água
Na certeza de nenhum motivo.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Perdão

Mais fácil de ouvir ou de falar?
Brota com forca no peito e encontra o abismo de rancor.
O que escolher?
A hora ou o desejo?
O que sentir?
Conforto ou alivio?
Paro. Sem respostas.
Nada a dizer.
Um beijo sela mais uma página virada.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Um de um milhão

Quis um par, a vida me deu um.
E o único encheu os dias.
As noites, os sonhos.

Fica um pouco de desejo escondido.
Mas me imponho a disciplina de crer no melhor.
Cobranças ficam no campo do se.

Se fosse de outro modo não haveria menos felicidade.
E nem mais.
Caminhamos lado a lado
E a coragem de seguir nos faz mais fortes e juntos.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Pode ser

Algumas palavras nunca deveriam ser ditas.
Nao sei na verdade porque precisamos delas.
Talvez se não existissem, seríamos mais felizes.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Guardiões do tempo


Percebo que o tempo não é amigo de ninguém. Ele não compreende simples pedidos. Não realiza desejos. Não prolonga o que é bom e nem elimina nossos medos e fantasmas. É impiedoso e triunfal.  Leva nosso corpo e as vezes deixa a mente pra trás. De outro modo, pode levar a mente e o corpo. Não consigo pensar em nada que possa vencê-lo. Alguns conseguem ignorá-lo. Mas de fato não sei se isso nos salva. O tempo não castiga ninguém, isso é verdade. Penso que ele apenas não avisa que vem chegando de mansinho. Ou é a gente que se nega a acreditar em tal invariável sedução. Muitas vezes, ele está a frente de nós ou de quem nós muito amamos. E isso dói, pois nos sentimos despreparados para enfrentar a sentença de que é preciso encarar. 
Diante de tão imutável constatação, percebi que podemos ser guardiões do tempo. Protegê-lo e não tentar lutar contra. Ele pode ser guardado em frascos de fotografias, em baús cheios de papeis escritos ou desenhados, em pastas gigantes no computador ou em pílulas sentimentais postadas em nossos murais virtuais. Não é saudosismo. É uma questão de sobrevivência. Guardando o tempo que nos é dado, podemos reutilizá-lo. Descartando a saudade que fica, temos condições de restaurar desencontros, encontrar o fim do que parecia não ter acabado ou de constatar de que o hoje é fruto maduro e doce do que plantamos.
Ser guardião do tempo não é olhar o passado, é fazê-lo brando e suave a partir do dia em que nascemos. É cuidar do instante de agora para que ele não seja descartável, vazio e sem lembranças futuras.  É carregar consigo certezas colhidas do pensamento, amadurecidas pela memória. É garantir que depois de amanhã ainda vamos querer lembrar de nossos dias.
Guardar o tempo é não desperdiçá-lo com o que não se leva adiante. E isso é tão simples! No dia em que tivermos a consciência do que vivemos hoje são nossos recipientes para guardar o tempo, tenho certeza que o viveremos mais intensamente. Às vezes, presos a uma idéia de que o mundo é veloz e que nos engole, descartamos momentos simples, mas de imenso potencial de lembranças. 
Então hoje, perto de chegar ao fim de 2012, convido a uma reflexão. Catalogar os instantes que devem ser levados conosco. Os que valem a pena.  Os sorrisos que provocamos, a comida boa que fizemos e saboreamos juntos, o café da tarde com cheiro da pão torrado, a chuva,  o vento na cara, um caminho para a casa em boa companhia, o quadro pregado na parede, o móvel novo que chegou, a faxina que revitalizou, o dia inteiro que ficamos na cama, os cinco minutos infinitos de massagens nos pés, o novo corte de cabelo, a noite que vimos ir embora bem acordados, uma gentileza trocada, qualquer uma!  - e tomara que tenhamos muitas - a sinceridade de quem você admira, a conversa boa na mesa de um bar, o cansaço gratificante do dever entregue, o perdão recebido das palavras mal ditas, a hora em você cedeu ao modo estranho do outro, a sessão de cinema, o presente inesperado, o elogio em público e o sussurrado ao pé do ouvido também,  o beijo de amor e o de amizade, os amigos ao redor e nossa família por perto.
São muitos sim. Muitos momentos vividos que precisam ser emoldurados. Nas fotografias instantâneas compartilhadas, por que não? Mas que sejam, além disso, sementes para fazer valer o que ainda nos aguarda. Que possam nos tocar para nos fazer melhores. Pois somos o que fomos, misturados com os desejos e esperanças do que ainda queremos ser.
Que a troca de um dígito em nossas datas seja uma diferença marcante e que os dias não se repitam. Que mais quatro estações valham a pena. Que nossos frascos de guardar o tempo sejam mais robustos e mais coloridos. E não falo de uma linha do tempo cravada de sorrisos. Mas de uma vontade interna imensa de completar alguns recipientes ainda vagos de momentos a viver, de verdade.
Guardião do tempo, daquele que ainda virá. Vamos fazer valer a pena o tempo, o nosso precioso tesouro.