quinta-feira, 28 de junho de 2012

Em frente

Um medo insiste. Vai no topo da cabeça rumo ao fim do pensamento e bagunça a ordem do corpo. Sopra um vento forte no rosto. Perco o fôlego. Vejo as folhas caidas se levantarem. É a tempestade que se anuncia. Meu cabelo acaria minha face. Minha pele não expulsa o tremor. Suponho não ter força. Caio dentro de mim. Desmaio no vazio de não ter fim. Não dormi, não sonhei. Chorei. E permaneço de pé. O que fica chamam vida. E eu aceito. Embalado pela saudade, o que me move ainda é amor.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Faz sentido sim

Comecei a circular todas as palavras que escrevi e não disse. Criei então uma teia. Alianças de medo e timidez. Apaguei, depois, todas aquelas que disse e nunca ousei escrever. Um lapso de tempo borrou minha memória. Guardei coisas que não me serviam. Foi então que joguei fora todas as palavras mal ditas. Assim mesmo, com espaço entre elas. Cada uma em sua hora, lançada num abismo de vento e poeira. Ia embora o que estava velho e sem sentido. Fui buscar em outro lugar a inspiração. Achei no silencio dentro de mim. No tum tum do coração. Agora sim. Nada pra dizer. Muito pra sentir. Faz sentido todo.

domingo, 29 de abril de 2012

Suponha um tempo...

Que tempo é esse que passa rápido? Que deixamos de lado quando nos impõe disciplina. Que fingimos cumprir num dia cheio de nada. Que sentimos não existir na hora que não devia acabar. Que vivemos mais do que outros. Outros que ainda têm que viver pra senti-lo. Um corpo a deriva que não parece o nosso. O máximo de uma vez . Circulam ideias que nem pensei. Calma vida! Um desejo cresce insano. Aceleradamente. Mente. Um lapso que liga o que existe e o que invento. Crio o tempo que suponho ser melhor. Devagar para encontrar o inaceitável um pouco menos rude. Ligeiro para não deixar arder o que deve ser apagado. Comodamente como pensei. Redondo como algo previsível. Linha reta sem olhar pros lados. Tempo que não vai sem mim. E que não doo. Não empresto, não pego de volta. E que suponho não existir até que o vejo passar atrás de mim. Ele fica pra trás ou sou que não o vi passar?

domingo, 22 de maio de 2011

Rita Santa

Hoje especialmente deixo de lado os poemas e me aceito em estado limpo. Deixo o encontro das palavras e me deleito em sentir. 22 de maio é dia de Santa Rita de Cássia. Se tenho alguma certeza de que ter fé nos eleva o espírito, posso dizer que com ela acalmei muitas vezes meu coração.

Diria que fé são para poucos. E nem sei se posso dizer que a tenho. No mundo de hoje acreditar incondicionalmente é algo fora do comum. Ou porque somos levados a racionalizar ou porque não somos incentivados a sonhar. Hoje, ouvindo Capital Inicial, marquei a frase da música Olhos Vermelhos: “Parei de pensar e comecei a sentir”.

Sim, nos questionamos muito e desafiamos a aceitar o inevitável. Por que comigo? Quantas vezes essa pergunta ecoou no peito e nos fez negar o que a vida trazia? O que mais se não a fé no faz seguir? Que a chamem de força, de resiliência, de determinação. Não importa. O que vale é sentir.

Assim trago comigo apenas essa certeza. De que o que sentimos é o sinal mais evidente de que podemos acreditar, entregar e pedir. Que não é caminho sem volta, que não é falar com o espelho. Algo maior está conosco.

Para quem tem fé. Uma vela, uma rosa vermelha e uma oração que venha do coração. Santa Rita de Cássia esta aí. Sempre dá certo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Hoje

Tanto tempo longe que esquecemos quem somos.
Tanta coisa pra arrumar
Tantas vontades pra desejar.

Que o tempo pare para agradecer.
Que continue pra acontecer.

Se a força vem de dentro ou se dentro se instala
não procure saber

O certo é que a gente as vezes se esquece do que podemos
e o pedido não vem.

Ah, que eu me lembre mais.
Que ore mais,
que agradeça sempre.

domingo, 3 de abril de 2011

Feliz Aniversário, minha irmã!

Hoje descobri que podemos surpreender sem dizer nada.
Mesmo sem uma palavra dita, temos muita chance de nos fazer entender.
O que são sorrisos, momentos, um silêncio?
O que são risos, vozes, muita conversa?
O que é família, se não tudo isso?
O que são amigos, se não mais que isso?
O que podemos dizer de nós mesmos, quando não temos espelhos e nos vemos?

Tudo em volta de uma mesa.
Todos em sua volta.
E volta e meia, conversas, risos, amigos.
Muita comida e bebida.
Se assim não é a vida, não vivemos.

Hoje descobri que não podemos.
Não podemos deixar passar.
Não podemos correr dos riscos
Não podemos esquecer de ouvir.

Porque afinal o que fica no depois é o sempre.
O que passou, misturado com o que vivemos num lapso de lembrança que não se apaga.

domingo, 20 de março de 2011

Vida e como não?

Um caminho traçado.
Obra feita para chegar.
Fins complicados e felizes,
esculpindo formas e curvas,
desviando e escolhendo erros.
Uma arte a se fazer.

A vida traçada e
e a vida a se fazer.
Caminhos escolhidos
Curvas esculpidas
para se chegar a erros
e não a fins.
A arte desviando a perfeição,
desmascarando a beleza,
sugerindo vida.

Este poema é datado de 19 de julho de 1984