domingo, 15 de julho de 2012

E qual é o nome disso?

Hoje revirei meus papéis envelhecidos e encontrei uma moça de 26 anos com a paixão pulsante em seu coração.

16 de agosto de 1994

Desejar e saber que não tem como pedir. Conquistar e ter a nítida impressão que perde a cada dia. Parece castigo. Estado febril de paixão calada. De tão quieta parece não existir. O peito pergunta até quando e se entristece em saber ele mesmo a resposta de que nem o tempo sabe marcar. Ficam então a vagar aqueles que podiam ser únicos em companhias tristes do acaso. Mas ainda assim se tocam, pois um muda o outro. A cada dia não ser mais o mesmo. A cada encontro, conhecer um pouco além. Desvendar um segredo e abrir um sorriso. Fôlego para viver um pouco mais. Mas são assim, como razão e emoção, o frio e o calor, o preto e o branco. Um não seria o que é se o outro não se revelasse em sua plenitude. É assim que vivem e seguem. Separados e juntos. Somente a vida é grande o suficiente para aceitar a espera e receber a sublime sensação de encontrar.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que vale a pena?

O que vale a pena nesta vida? Um  desejo ou um beijo? O vento na cara ou o frio na barriga? O telefone que toca  tarde da noite ou uma campainha ao amanhecer? Um pedido de ajuda ou um olhar de obrigado? Um rum ou uma cerveja?  Andar descalço na grama ou rolar na areia?  Comer pipoca ou sorvete? Tocar violão ou cantar no chuveiro?  Acordar ou dormir de novo? Sair de férias ou chegar em casa? Terminar ou recomeçar? Contar piada ou rir delas? Ler ou escrever? Creme hidratante  ou massagem?  Céu azul ou noite estrelada? Cinema ou teatro? Começar um livro ou terminar?  Almoço em família ou jantar a dois? Um filho ou dois? Jardim ou quintal? A surpresa ou a promessa?  Óculos ou lentes? Uma praia ou um banho de chuva? A verdade ou o que eu entendo dela? Amor incondicional ou companheiro? Esmalte ou baton? Hoje ou amanhã?  Doce ou Salgado? Vermelho ou preto? Dúvida ou certeza? Sim ou não? Como ou por que? Levar consigo ou trazer de volta? Sábado ou domingo? Jornal ou revista?  Perguntas ou respostas? Sabedoria ou ignorância? Conhecer ou descobrir? Amar ou amor? Ah, o que vale? Vale tudo isso.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Em frente

Um medo insiste. Vai no topo da cabeça rumo ao fim do pensamento e bagunça a ordem do corpo. Sopra um vento forte no rosto. Perco o fôlego. Vejo as folhas caidas se levantarem. É a tempestade que se anuncia. Meu cabelo acaria minha face. Minha pele não expulsa o tremor. Suponho não ter força. Caio dentro de mim. Desmaio no vazio de não ter fim. Não dormi, não sonhei. Chorei. E permaneço de pé. O que fica chamam vida. E eu aceito. Embalado pela saudade, o que me move ainda é amor.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Faz sentido sim

Comecei a circular todas as palavras que escrevi e não disse. Criei então uma teia. Alianças de medo e timidez. Apaguei, depois, todas aquelas que disse e nunca ousei escrever. Um lapso de tempo borrou minha memória. Guardei coisas que não me serviam. Foi então que joguei fora todas as palavras mal ditas. Assim mesmo, com espaço entre elas. Cada uma em sua hora, lançada num abismo de vento e poeira. Ia embora o que estava velho e sem sentido. Fui buscar em outro lugar a inspiração. Achei no silencio dentro de mim. No tum tum do coração. Agora sim. Nada pra dizer. Muito pra sentir. Faz sentido todo.

domingo, 29 de abril de 2012

Suponha um tempo...

Que tempo é esse que passa rápido? Que deixamos de lado quando nos impõe disciplina. Que fingimos cumprir num dia cheio de nada. Que sentimos não existir na hora que não devia acabar. Que vivemos mais do que outros. Outros que ainda têm que viver pra senti-lo. Um corpo a deriva que não parece o nosso. O máximo de uma vez . Circulam ideias que nem pensei. Calma vida! Um desejo cresce insano. Aceleradamente. Mente. Um lapso que liga o que existe e o que invento. Crio o tempo que suponho ser melhor. Devagar para encontrar o inaceitável um pouco menos rude. Ligeiro para não deixar arder o que deve ser apagado. Comodamente como pensei. Redondo como algo previsível. Linha reta sem olhar pros lados. Tempo que não vai sem mim. E que não doo. Não empresto, não pego de volta. E que suponho não existir até que o vejo passar atrás de mim. Ele fica pra trás ou sou que não o vi passar?

domingo, 22 de maio de 2011

Rita Santa

Hoje especialmente deixo de lado os poemas e me aceito em estado limpo. Deixo o encontro das palavras e me deleito em sentir. 22 de maio é dia de Santa Rita de Cássia. Se tenho alguma certeza de que ter fé nos eleva o espírito, posso dizer que com ela acalmei muitas vezes meu coração.

Diria que fé são para poucos. E nem sei se posso dizer que a tenho. No mundo de hoje acreditar incondicionalmente é algo fora do comum. Ou porque somos levados a racionalizar ou porque não somos incentivados a sonhar. Hoje, ouvindo Capital Inicial, marquei a frase da música Olhos Vermelhos: “Parei de pensar e comecei a sentir”.

Sim, nos questionamos muito e desafiamos a aceitar o inevitável. Por que comigo? Quantas vezes essa pergunta ecoou no peito e nos fez negar o que a vida trazia? O que mais se não a fé no faz seguir? Que a chamem de força, de resiliência, de determinação. Não importa. O que vale é sentir.

Assim trago comigo apenas essa certeza. De que o que sentimos é o sinal mais evidente de que podemos acreditar, entregar e pedir. Que não é caminho sem volta, que não é falar com o espelho. Algo maior está conosco.

Para quem tem fé. Uma vela, uma rosa vermelha e uma oração que venha do coração. Santa Rita de Cássia esta aí. Sempre dá certo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Hoje

Tanto tempo longe que esquecemos quem somos.
Tanta coisa pra arrumar
Tantas vontades pra desejar.

Que o tempo pare para agradecer.
Que continue pra acontecer.

Se a força vem de dentro ou se dentro se instala
não procure saber

O certo é que a gente as vezes se esquece do que podemos
e o pedido não vem.

Ah, que eu me lembre mais.
Que ore mais,
que agradeça sempre.