quinta-feira, 26 de julho de 2012

Instante

Hoje descobri um vazio dentro de mim.  E sabe o que mais? Ele estava cheio de alegria e possibilidades. Senti que a vida se faz mesmo todo dia e que o passado não se descarta. Ele acumula o tempo num lugar chamado lembrança e nos dá um conforto danado de nos sentirmos amados! Hoje ainda a saudade doía em meu peito. Mas era de tanto amor em ter e não de se perder. Estranha sensação. Me parece mesmo que é felicidade pois o que habita em mim me faz crescer.

domingo, 22 de julho de 2012

Dúvida

Me pergunto como e as respostas que ouço não me compreendem. Se insisto, fico com sensação de não sair do lugar. Se deixo passar, vem aquela onda de que podia ter feito alguma coisa. E se ignoro, minto pra mim mesma. Não, não sou eu nesta hora. Nem tão pouco sou eu no instante seguinte. Me persigo e não encontro rastros. Observo sobre meus ombros e ainda vejo fragmentos. Partes de mim que fazem o todo que sou hoje. Que longe de ser algo completo, vem tentando ser mais a cada dia.

domingo, 15 de julho de 2012

E qual é o nome disso?

Hoje revirei meus papéis envelhecidos e encontrei uma moça de 26 anos com a paixão pulsante em seu coração.

16 de agosto de 1994

Desejar e saber que não tem como pedir. Conquistar e ter a nítida impressão que perde a cada dia. Parece castigo. Estado febril de paixão calada. De tão quieta parece não existir. O peito pergunta até quando e se entristece em saber ele mesmo a resposta de que nem o tempo sabe marcar. Ficam então a vagar aqueles que podiam ser únicos em companhias tristes do acaso. Mas ainda assim se tocam, pois um muda o outro. A cada dia não ser mais o mesmo. A cada encontro, conhecer um pouco além. Desvendar um segredo e abrir um sorriso. Fôlego para viver um pouco mais. Mas são assim, como razão e emoção, o frio e o calor, o preto e o branco. Um não seria o que é se o outro não se revelasse em sua plenitude. É assim que vivem e seguem. Separados e juntos. Somente a vida é grande o suficiente para aceitar a espera e receber a sublime sensação de encontrar.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que vale a pena?

O que vale a pena nesta vida? Um  desejo ou um beijo? O vento na cara ou o frio na barriga? O telefone que toca  tarde da noite ou uma campainha ao amanhecer? Um pedido de ajuda ou um olhar de obrigado? Um rum ou uma cerveja?  Andar descalço na grama ou rolar na areia?  Comer pipoca ou sorvete? Tocar violão ou cantar no chuveiro?  Acordar ou dormir de novo? Sair de férias ou chegar em casa? Terminar ou recomeçar? Contar piada ou rir delas? Ler ou escrever? Creme hidratante  ou massagem?  Céu azul ou noite estrelada? Cinema ou teatro? Começar um livro ou terminar?  Almoço em família ou jantar a dois? Um filho ou dois? Jardim ou quintal? A surpresa ou a promessa?  Óculos ou lentes? Uma praia ou um banho de chuva? A verdade ou o que eu entendo dela? Amor incondicional ou companheiro? Esmalte ou baton? Hoje ou amanhã?  Doce ou Salgado? Vermelho ou preto? Dúvida ou certeza? Sim ou não? Como ou por que? Levar consigo ou trazer de volta? Sábado ou domingo? Jornal ou revista?  Perguntas ou respostas? Sabedoria ou ignorância? Conhecer ou descobrir? Amar ou amor? Ah, o que vale? Vale tudo isso.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Em frente

Um medo insiste. Vai no topo da cabeça rumo ao fim do pensamento e bagunça a ordem do corpo. Sopra um vento forte no rosto. Perco o fôlego. Vejo as folhas caidas se levantarem. É a tempestade que se anuncia. Meu cabelo acaria minha face. Minha pele não expulsa o tremor. Suponho não ter força. Caio dentro de mim. Desmaio no vazio de não ter fim. Não dormi, não sonhei. Chorei. E permaneço de pé. O que fica chamam vida. E eu aceito. Embalado pela saudade, o que me move ainda é amor.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Faz sentido sim

Comecei a circular todas as palavras que escrevi e não disse. Criei então uma teia. Alianças de medo e timidez. Apaguei, depois, todas aquelas que disse e nunca ousei escrever. Um lapso de tempo borrou minha memória. Guardei coisas que não me serviam. Foi então que joguei fora todas as palavras mal ditas. Assim mesmo, com espaço entre elas. Cada uma em sua hora, lançada num abismo de vento e poeira. Ia embora o que estava velho e sem sentido. Fui buscar em outro lugar a inspiração. Achei no silencio dentro de mim. No tum tum do coração. Agora sim. Nada pra dizer. Muito pra sentir. Faz sentido todo.

domingo, 29 de abril de 2012

Suponha um tempo...

Que tempo é esse que passa rápido? Que deixamos de lado quando nos impõe disciplina. Que fingimos cumprir num dia cheio de nada. Que sentimos não existir na hora que não devia acabar. Que vivemos mais do que outros. Outros que ainda têm que viver pra senti-lo. Um corpo a deriva que não parece o nosso. O máximo de uma vez . Circulam ideias que nem pensei. Calma vida! Um desejo cresce insano. Aceleradamente. Mente. Um lapso que liga o que existe e o que invento. Crio o tempo que suponho ser melhor. Devagar para encontrar o inaceitável um pouco menos rude. Ligeiro para não deixar arder o que deve ser apagado. Comodamente como pensei. Redondo como algo previsível. Linha reta sem olhar pros lados. Tempo que não vai sem mim. E que não doo. Não empresto, não pego de volta. E que suponho não existir até que o vejo passar atrás de mim. Ele fica pra trás ou sou que não o vi passar?